Carros antigos: O Rancho Cadillac

Algumas pessoas fazem verdadeiras loucuras relacionadas a carros, alguns transformam um carro comum num carro esportivo, outros constroem a partir de um carro quatro portas, uma limousine com mais de dez metros, alguns cortam o teto de um coupe e o transforma em conversível e já outros colocam pneus monstro num fusca e por aí vai, a imaginação é o limite quando se trata de automóveis.

Porém de todos os exemplos acima, alguns fazem uma obra tão diferente e inesperada com carros, que entram para a história com sua criatividade e muitas vezes o carro nem precisa rodar para isso.

Essa é a história de Stanley Marsh III, um homem que fez algo tão inesperado e diferente que entrou para a história automobilística mundial.

Ok, você pode até nunca ter ouvido falar de Stanley Marsh III, mas e se eu te perguntar do Rancho Cadillac? Provavelmente, se você é assim como eu, louco por carros antigos, já deve ter ouvido falar ou pelo menos ter visto uma foto de um belo Cadillac todo grafitado e enterrado no chão até a sua metade.

Em 21 de junho de 1974, nasce ao lado da interestadual 40, um verdadeiro ícone americano. Tudo começou quando três artistas de San Francisco encontraram-se em Potter County, Texas, e enterraram dez Cadillacs com a frente para baixo num campo de trigo, que é o que muitos consideram hoje como uma obra de arte que acabaria por ser conhecido como Cadillac Ranch (traduzindo, seria como vamos chamar nessa matéria, de Rancho Cadillac).

Não vamos falar muito da vida pessoal de Stanley Marsh III, até por que após a sua morte ocorreram alguns boatos que não vem ao caso relatar aqui, pois para nós o que importa são os carros, mas uma coisa podemos afirmar com certeza, o milionário do Texas, Stanley Marsh III era um excêntrico. Em 1973, Marsh convidou os citados artistas de São Francisco, para a sua fazenda, chamada de Fazenda da Formiga, para ajudá-lo na criação de uma obra de arte original para seu rancho localizado ao oeste de Amarillo, Texas.

O grupo começou adquirindo dez Cadillac usados, variando nos anos e modelo de 1948 a 1963. Enterrados até a metade ao longo da esquecida e abandonada rota 66, os carros foram escolhidos para representarem a "era dourada" dos automóveis americanos. A maioria dos carros foram comprados em ferros-velhos e em média custaram cerca de US $ 200 cada. Os carros foram então enterrado com a parte dianteira para baixo e voltados para o oeste ao longo da antiga rodovia.

No início, os carros exibiram suas pinturas originais, turquesa, amarelo, dourado, e azul, mas, mal foram terminados os trabalhos e as pessoas da região já estavam riscando ou pintando seus nomes nos carros.

Ao longo do tempo, vândalos quebraram as janelas, retiraram partes dos cromo, os rádios, alto-falantes e até mesmo algumas das portas para levarem de lembrança. As rodas foram soldadas aos eixos para impedir mais roubo. No entanto, Marsh ainda dizia: "Parece que mesmo assim, fica melhor a cada ano."

Em 1997, o Rancho Cadillac foi “exumado” e “replantado” cerca de duas milhas a oeste, a fim de “escapar” da cidade de Amarillo que estava quase invadindo o local.

Sob as ordens de Marsh, até mesmo o lixo e a desordem do antigo local eram recolhidos e espalhados pelo novo local, exatamente como estava antes. Tirando isso, o monumento permanece o mesmo (e sempre em constante mudança) desde que foi erguido. Ao longo dos anos, o Rancho Cadillac foi repintado muitas vezes. Em maio de 2002, os carros foram restaurados e pintados em suas cores originais. Em junho de 2003 os carros foram novamente pintados, mas desta vez em preto, em homenagem ao falecimento do um dos membros fundador da Fazenda da Formiga.

Algumas pessoas hoje em dia podem achar uma completa loucura enterrar alguns dos carros mais procurados e desejados na atualidade, considerados por muitos como itens de colecionador, alguns dizem até que é um sacrilégio o que foi feito com esses carros. Mas parem para pensar um pouco, em 1974, estes carros não eram tão populares e a maioria deles foram comprados como sucata por um preço médio de apenas $ 200.00 cada. Se não tivessem sido usados para a "escultura" do rancho, teriam provavelmente terminado seus dias num triturador de metais e hoje seriam pregos ou ferro usados em construções.

Este monumento foi construído como uma escultura pública e os visitantes são incentivados a participarem dele. Então, está tudo bem se você levar sua lata de tinta spray e deixar seu nome ou uma mensagem inspiradora na lataria dos carros, que será, sem dúvida, apagada por outra mensagem muito em breve, como fazem todos os anos, os visitantes do local.

O Rancho Cadillac tem aparecido em inúmeros programas de TV, revistas e jornais até nos dias de hoje e ainda atraem muito a atenção das pessoas que não são ligadas ao meio automobilístico, despertando a curiosidade de algumas pessoas que se perguntam? Será que assim como os Moais da Ilha de Páscoa, eles também foram feitos por uma civilização mais avançada? A resposta é claro que não, mas, quem sabe essa não foi uma forma que o excêntrico milionário Texano, Stanley Marsh III encontrou de preservar para as futuras gerações, alguns ícones que marcaram os “anos dourados” da indústria automobilística.

Stanley Marsh III morreu em junho de 2014 com 76 anos de idade.

O Rancho Cadillac fica situado ao oeste de Amarillo, Texas, na velha rota 66, ao sul da interestadual 40 entre saídas 60 e 62.

Abaixo, algumas fotos do Rancho Cadillac:

Uma das poucas imagens que permanecem do Cadillac Ranch em sua condição original, foto tirada em 1976. Uma vez que os grafiteiros começaram, não havia como detê-los.

O último carro comprado foi o primeiro carro a ser enterrado. Na foto Doug Michels da Fazenda da Formiga, membro do grupo de artistas da Califórnia que criou o projeto, fechando o negócio no modelo de 1949 em um beco no nordeste de Amarillo.

Os Cadillacs foram enterrados na sequência do mais velho, 1949, ao mais novo, 1964.

O Rancho Cadillac em 1990. Os carros foram pintados várias vezes em uma variedade de cores e tons de cinza. O período rosa foi um dos mais populares. Nenhum trabalho de pintura ficou marcado por muito tempo.