Certa vez, num encontro de carros antigos, eu vi um carro inimaginável
para minha pessoa, que na época, só tinha 15 anos de idade. Esse carro abria seu porta malas automaticamente em sentido contrário e seu teto, todo de aço, se
erguia a uma certa altura da carroceria, preso por dobradiças, dobrava uma
parte na dianteira e se recolhia para dentro de seu porta malas, que depois
fechava automaticamente transformando o carro de teto de aço num conversível,
apenas com o apertar de um botão.
E para você que acha que estou falando de uma Merceds SLK 300, errou.
Esse carro era um enorme Ford Skyliner 1959 vermelho e branco.
Na minha opinião, automóveis com teto de aço retráteis podem ser mais seguros
do que um conversível convencional. A tecnologia para fazer uma dobra no teto de
forma confiável e repetidamente não foi pioneira em Stuttgart ou Tóquio na
década de 1990, como muitos pensam, mas na verdade em Detroit na década de
1950.
Provavelmente
inspirado pelo carro conceito Thunderbolt da Chrysler de 1941, com seu teto
retrátil que funcionava eletricamente, o pessoal da Ford começou a olhar para o
conceito ao mesmo tempo em que estavam pondo em prática, planos para trazer de
volta o glamour do Lincoln Continental em 1956 como um teto retrátil autônomo.
Acima, o carro conceito, Thunderbolt da Chrysler de 1941.
Acima, o carro conceito, Thunderbolt da Chrysler de 1941.
Acima, o carro conceito, Thunderbolt da Chrysler de 1941.
Acima, o protótipo do Lincoln Continental em 1956.
Acima, o protótipo do Lincoln Continental em 1956.
O pessoal de design
da Ford, além de muitos outros projetos na época, estavam “brincando” com esse
projeto específico, quando dois gerentes da Ford viram um modelo em escala no
estúdio de design em 1951 e deram “sinal verde” a um estudo de engenharia de
US$ 2,5 milhões.
Seis meses depois,
o pessoal da Engenharia da Ford se manifestaram e apresentaram um relatório de mais
de dois centímetros e meio de espessura resumindo o motivo pelo qual esse
modelo não poderia ser feito.
Com o conceito
básico do abaixamento do teto para dentro do porta malas, uma das primeiras questões
foi determinar se poderiam usar uma solução hidráulica ou elétrica para abaixar
e subir o teto. No início, um sistema hidráulico de alta pressão parecia ser o
caminho certo, devido à falta de pequenos motores elétricos disponíveis. Porém,
isso não era uma boa opção para um dos o engenheiros da Ford que sabia que o
sistema hidráulico estaria no teto do carro. Agora, imagine alguém sentado no
assento dianteiro e uma mangueira se rompe, a pessoa sendo pulverizada por este
óleo hidráulico quente. Então ele decidiu que não queria usar hidráulica.
O menor motor que conseguiram
foi de um motor de quatro polegadas e meia de diâmetro feito pela Bosch.
Com a situação de
motor resolvida, a equipe então começou a trabalhar no mecanismo automático
enquanto simultaneamente modificava o chassi para o Lincoln Continental II, que
naquele momento, nada mais era do que um chassi cortado de um Lincoln Capri 1953, do tamanho correto para caber as dimensões planejadas do novo Lincoln Continental.
O quinto protótipo do projeto, o conversível de teto de aço Continental ganhou
o apelido de "MP5", e era diferente de qualquer outro protótipo no
grupo.
A carroceria precisava ter um porta malas com a tampa articulada na
parte traseira para aceitar o teto rebaixado. As dimensões do teto, também,
tinham de ser dimensionadas direito para caber no porta malas e sua borda, articulada
para dobrar. Muito antes de qualquer tipo de computador, fazer esse processo num
carro, necessitaria de um sistema de controle que teve de ser totalmente
desenvolvido do zero para coordenar o desbloqueio do teto, o dobramento de sua
borda, a abertura do porta malas, a redução controlada do teto, o travando de
volta para baixo da tampa do porta malas e, em seguida, fazer tudo isso em
sentido inverso.
O sistema usou
centenas de metros de fio conectando vários interruptores, os motores pequenos
e um mecanismo de bloqueio de parafuso para o qual os engenheiros chefe, receberam
uma patente. Na verdade, o nome de um deles aparece em várias patentes
associadas com a criação de carros hardtop retrátil.
Mas você deve estar
se perguntando? Essa postagem não era sobre o Ford Skyliner?
O que o Lincoln
Continental II de teto de aço tem a ver com o Ford Skyliner?
E eu respondo: Calma, já vamos chegar lá.
E eu respondo: Calma, já vamos chegar lá.
Como prometido, o
projeto ficou pronto em 18 meses, apresentando um protótipo para o conselho administrativo
da Ford no início de 1955. O Continental foi amplamente visto como um projeto
de vaidade para Bill Ford. Mas quando o botão foi acionado e o teto desapareceu
no porta malas e em seguida, empurrou o botão novamente e o teto voltou e travou em
seu lugar automaticamente, o conselho realmente aplaudiu e correu para ter um
olhar mais atento para uma demonstração inaudita de entusiasmo.
Apesar da
insistência de um membro da diretoria para adicionar esse carro a linha de
produção da Lincoln Continental, Ben Smith um dos idealizadores do projeto, informou
o conselho que isso não poderia ser feito.
Na visão de Ben, a
Ford estava tentando construir o melhor carro do mundo por US $ 10000 e se ele
falhasse, o programa inteiro da Lincoln
também iria falhar.
Naquela reunião,
eles decidiram que o programa deveria seguir em frente, e eles alocaram fundos
para o estudo do teto retrátil no Fairlane de 1957.
Eles já tinham um
programa completo mapeado para eles, para que pudesse ser feito cerca de três
meses após a introdução do Fairlane no mercado.
O projeto voltou
então à engenharia da Ford, que imediatamente rejeitou seu conselho para
melhorias aparentemente definitivas no projeto.
Mas dentro de seis
semanas, o grupo de produção voltou à gerência da divisão da Ford com um outro
relatório que dizia que esse carro não poderia começar a ser feito nos modelos de 1957
e que os recursos planejados de Ben eram inadequados e seu tempo muito curto.
Talvez para 1958,
eles concluíram, mas só com muito mais dinheiro e mão de obra.
Temendo que seus 18
meses de trabalho estivessem prestes a ir "para o ralo", Ben propôs a
idéia radical de que o grupo da Lincoln Continental poderia trabalhar como
empreiteiros, para a engenharia da Ford. A idéia chegou até Robert McNamara,
então gerente geral e vice-presidente da Divisão Ford. Apesar de ser mais um
cara de números e dados do que um tipo relacionado a carro, McNamara mostrou-se
extremamente interessado na idéia do hardtop retrátil e deu sinal verde para a
construção.
Ainda assim, a Ford
alocou o dobro dos recursos estimados e ampliou o cronograma original de Ben.
Ele também colocou Ben em uma “coleira curta”, apenas liberando fundos em uma
base mensal até que ficou claro que estava sendo feito algum progresso. O clima ruim
continuou entre a equipe de engenharia regular e Ben e seu grupo. Eles tinham
acabado de dizer que não poderia ser feito e se eles tivessem boas idéias,
eles não dariam para Ben. Claro, se ele fosse bem sucedido, mostraria que eles estariam
errados.
O ônus de fazer
isso com êxito foi colocado na Divisão Continental. Felizmente para Ben e a Continental,
o Skyliner provou ser bem sucedido.
Embora o Fairlane
500 novo de 1957 fosse mais largo, mais baixo e mais longo do que antes, o teto
retrátil teve que ser feito mais baixo, a fim cabê-lo sob o porta malas. Com
uma distância entre eixos de 118 polegadas, o Skyliner tinha assentos traseiros
mais verticais do que outros modelos, mas ainda conseguiu ter o mesmo espaço
para as pernas do banco traseiro do Sunliner conversível. No geral, as mudanças
no chassi foram extensas, os painéis traseiros foram estendidos 3 centímetros, a
carroceria foi retrabalhada para a dobradiça traseira, o tanque de gasolina foi
movido para atrás do banco traseiro, o teto era 3,5 polegadas mais curto do que
um hardtop comum e os trilhos do quadro perimétrico foram movidos mais juntos
na parte traseira para suportar o peso adicionado. Embora os estilistas não
estivessem satisfeitos com as mudanças, neste caso, a forma da carroceria não
tinha escolha a não ser seguir aquele modelo. No total, o peso do Skyliner de
1957 era de cerca de 400 libras mais pesado do que o conversível Sunliner.
Quando o Skyliner chegou,
apenas quatro meses após o lançamento do Fairlane 500 em 1957 e não seis meses
como eles foram calculados, Ben e sua equipe ainda tinha cerca de 40 por cento
do seu orçamento “deixados sobre a mesa”, uma situação quase inédita para uma
solução de engenharia relativamente complexa .
No New York Auto
Show, no final de 1956, o Ford Skyliner provou ser uma sensação. Embora a
tecnologia fosse toda nova, os compradores aderiram a ele quando se iniciaram
as vendas em abril de 1957. Apesar de estar disponível apenas a metade do ano,
o Skyliner 1957 era o quarto conversível mais vendido nesse ano, com 20,766
Skyliners vendidos. A partir de um preço base de US $ 2.942, cerca de US $ 550 a
mais do que o Ford Sunliner conversível (que superou os gráficos de conversíveis
em 77.728 unidades vendidas em 1957), o Skyliner, com um motor V8 292, fêz bem
em de ter fixado o preço abaixo $ 3.088 pedido na época por um Ford Thunderbird.
As vendas caíram em
1958 para 14.713 Skyliners, embora as escolhas opcionais de V-8 ofereceram mais
potência. Em 1959, o Skyliner carregava dois nomes, sendo oferecido
inicialmente como o Fairlane 500 e então mais tarde como Galaxie 500, embora os
dois modelos fossem idênticos à exceção de seus emblemas. Com apenas 12.915
carros vendidos, a Ford não estava interessada em manter o modelo devido ao baixo
volume nas vendas, em linha por mais tempo. Do mesmo modo, o novo teto mais inclinado do Galaxie
500 de 1960 não se mostrava um bom projeto para o teto retrátil de aço, tendo
em vista que teria que ser totalmente remodelado com um novo projeto
Apesar de tudo que
você pode ter ouvido, o mecanismo retrátil elétrico do Skyliner provou ser
confiável e resistente ao longo dos anos. Ben Smith relata que não houve um
único recall nos três anos para o mecanismo do teto, o que pode ser considerado
um milagre em si.Abaixo, alguns modelos do Ford Skyliner de 1957:
Abaixo, alguns modelos do Ford Skyliner de 1958:
Abaixo, alguns modelos do Ford Skyliner de 1959:
Alguém pra me auxiliar sobre veiculos multimarcas?
ResponderExcluirFinalmente, encontrei uma loja de carros multimarcas em São Paulo. Parabéns!!!
ResponderExcluir