sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Carros antigos abandonados em florestas.



Se você é uma daquelas pessoas que adoram ver um carro antigo restaurado, com sua pintura brilhando, seus cromados reluzentes refletindo o sol em seu rosto e cheirando a carro recém-pintado, sinto muito, mas essa postagem não é sobre esse tipo de carro.
Na verdade, muitos me criticam por gostar de carros antigos abandonados, dizem que é apenas um monte de ferrugem e lixo, mas, para a surpresa de muitos (principalmente os que me criticam) eu gosto de todo tipo de carros antigos, desde o restaurado nos mínimos detalhes a até os Rat Rods (não sabe o que é um Rat Rod? Clique aqui então: http://blogdoski.blogspot.com.br/2016/04/rat-rods.html), porém, confesso, os carros abandonados me fascinam, me instigam, me provocam um sentimento diferente, um misto entre curiosidade e pena.
“Curiosidade” seria em saber por que ele foi abandonado? Como ele foi parar nesse lugar? Qual sua história, etc. E “pena” por que eu acho que um carro antigo abandonado merecia uma segunda chance, merecia ser restaurado, mas alguns estão abandonados há tanto tempo que sua restauração talvez já seja impossível (não disse inviável, disse impossível, é diferente).
Conheço vários carros antigos que estão na mesma situação das fotos dessa postagem aqui na região e alguns ainda tem condições de serem restaurados e voltarem a rodar, porém seus proprietários, por mais tentados a se desfazer dos carros, não abrem mão de suas relíquias.
Antes eu criticava muito esses proprietários, porém, com o tempo eu percebi que não é a teimosia nem o descaso que os impedem de vender seus carros que há anos estão abandonados, mas um sentimento totalmente inesperado, o amor.
Antes que comecem a me apedrejar, vou explicar com um exemplo:
Há muitos anos, passava em uma rua na cidade vizinha e via um Chevrolet Opala azul ano 1978 com parte do teto em vinil chamado de Opala Las Vegas, com todos os frisos, praticamente se desfazendo ao tempo, parado na rua, de baixo de uma árvore, com vários pontos de ferrugem por toda a carroceria, aparentemente abandonado, mas nunca me atrevi a parar e conversar com o proprietário, até que um dia, tomei coragem e fui falar com o proprietário.
Depois das apresentações e de uma pequena conversa, a primeira pergunta que fiz foi: O senhor teria interesse em vender esse carro?
Aos que me criticam por gostar de carros abandonados e enferrujados, com certeza a resposta mais óbvia seria SIM, porém a resposta do proprietário foi NÃO.
E ele ainda me explicou o motivo dessa resposta.
Conversando com ele, eu via o brilho em seus olhos enquanto ele falava sobre o carro, parecia que a qualquer minuto ele iria chorar. Ele me contou que foi com esse carro que ele foi buscar seus filhos no hospital quando eles nasceram, que foi com esse carro que ele andou pela última vez com seu pai antes dele falecer, que foi com esse carro que ele ensinou os filhos a dirigir, que foi com esse carro que ele foi pela primeira vez com a família a uma praia e foi por causa desse carro que ele fez várias amizades.
Então ele me perguntou: Como eu poderia vender uma parte da minha história? Uma parte das minhas lembranças?
Foi então que eu entendi. Ele nunca abandonou o carro e nem vai abandonar, mas com a idade avançando, outras prioridades financeiras e os problemas de saúde aparecendo, ele não tinha mais condição de cuidar do carro. Os filhos, como ele mesmo disse, não tem o menor interesse em ajudar a cuidar, restaurar ou ficar com o carro, na verdade, o único motivo pelo qual o carro estava na rua era exatamente para não obstruir a saída da garagem onde ficavam os carros dos filhos.
Assim eu aprendi a não julgar as pessoas pelos seus atos antes de saber o motivo de tal ação.
Depois de um tempo eu não via mais o carro na rua, até pensei que ele havia vendido o carro, mas me enganei, ele recolheu o carro para o fundo da garagem.
Certo dia, novamente parei alguns minutos e fui falar com o proprietário que estava varrendo em frente a sua casa, bem onde ficava o carro.
Ele me disse que um dos filhos havia casado e acabou mudando para outra casa, assim ficou uma vaga na garagem e ele colocou o Opala nessa vaga, assim não atrapalhava a saída do carro do seu outro filho, que ainda mora com ele e para minha surpresa, esse Opala ainda funciona, pois ele subiu a rampa da garagem funcionando.
Ele está do mesmo jeito que o vi da última vez, porém agora, com os pneus cheios e guardado em local coberto.
Como ele mesmo me disse, ele não tem nem saúde e nem dinheiro para restaurar o carro, mas ainda tem esperança de que um dia um dos seus filhos se interesse por ele e acabe restaurando. Realmente, quem sabe um dia isso não aconteça, só espero que eles não esperem o pai morrer para que isso aconteça.
Na postagem de hoje você pode até se confundir com uma que eu já fiz, chamada carros antigos dá em árvore? (se ainda não viu, clique aqui para ver: http://blogdoski.blogspot.com.br/2016/06/carro-antigo-da-em-arvore.html), mas não é a mesma, são mais de 100 fotos de carros abandonados em florestas e se João e Maria fossem tão fãs de carros antigos como eu sou, eles jamais teriam entrado na casa feita de doce, teriam ficado na floresta admirando todos os carros antigos abandonados.
Espero que gostem e até a próxima.

















































































































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