Se
você é uma daquelas pessoas que adoram ver um carro antigo restaurado, com sua
pintura brilhando, seus cromados reluzentes refletindo o sol em seu rosto e
cheirando a carro recém-pintado, sinto muito, mas essa postagem não é sobre
esse tipo de carro.
Na
verdade, muitos me criticam por gostar de carros antigos abandonados, dizem que
é apenas um monte de ferrugem e lixo, mas, para a surpresa de muitos
(principalmente os que me criticam) eu gosto de todo tipo de carros antigos,
desde o restaurado nos mínimos detalhes a até os Rat Rods (não sabe o que é um
Rat Rod? Clique aqui então: http://blogdoski.blogspot.com.br/2016/04/rat-rods.html),
porém, confesso, os carros abandonados me fascinam, me instigam, me provocam um
sentimento diferente, um misto entre curiosidade e pena.
“Curiosidade”
seria em saber por que ele foi abandonado? Como ele foi parar nesse lugar? Qual
sua história, etc. E “pena” por que eu acho que um carro antigo abandonado
merecia uma segunda chance, merecia ser restaurado, mas alguns estão
abandonados há tanto tempo que sua restauração talvez já seja impossível (não
disse inviável, disse impossível, é diferente).
Conheço
vários carros antigos que estão na mesma situação das fotos dessa postagem aqui
na região e alguns ainda tem condições de serem restaurados e voltarem a rodar,
porém seus proprietários, por mais tentados a se desfazer dos carros, não abrem
mão de suas relíquias.
Antes
eu criticava muito esses proprietários, porém, com o tempo eu percebi que não é
a teimosia nem o descaso que os impedem de vender seus carros que há anos estão
abandonados, mas um sentimento totalmente inesperado, o amor.
Antes
que comecem a me apedrejar, vou explicar com um exemplo:
Há
muitos anos, passava em uma rua na cidade vizinha e via um Chevrolet Opala azul
ano 1978 com parte do teto em vinil chamado de Opala Las Vegas, com todos os
frisos, praticamente se desfazendo ao tempo, parado na rua, de baixo de uma
árvore, com vários pontos de ferrugem por toda a carroceria, aparentemente
abandonado, mas nunca me atrevi a parar e conversar com o proprietário, até que
um dia, tomei coragem e fui falar com o proprietário.
Depois
das apresentações e de uma pequena conversa, a primeira pergunta que fiz foi: O
senhor teria interesse em vender esse carro?
Aos
que me criticam por gostar de carros abandonados e enferrujados, com certeza a
resposta mais óbvia seria SIM, porém a resposta do proprietário foi NÃO.
E
ele ainda me explicou o motivo dessa resposta.
Conversando
com ele, eu via o brilho em seus olhos enquanto ele falava sobre o carro,
parecia que a qualquer minuto ele iria chorar. Ele me contou que foi com esse
carro que ele foi buscar seus filhos no hospital quando eles nasceram, que foi
com esse carro que ele andou pela última vez com seu pai antes dele falecer,
que foi com esse carro que ele ensinou os filhos a dirigir, que foi com esse
carro que ele foi pela primeira vez com a família a uma praia e foi por causa
desse carro que ele fez várias amizades.
Então
ele me perguntou: Como eu poderia vender uma parte da minha história? Uma parte
das minhas lembranças?
Foi
então que eu entendi. Ele nunca abandonou o carro e nem vai abandonar, mas com
a idade avançando, outras prioridades financeiras e os problemas de saúde
aparecendo, ele não tinha mais condição de cuidar do carro. Os filhos, como ele
mesmo disse, não tem o menor interesse em ajudar a cuidar, restaurar ou ficar
com o carro, na verdade, o único motivo pelo qual o carro estava na rua era
exatamente para não obstruir a saída da garagem onde ficavam os carros dos
filhos.
Assim
eu aprendi a não julgar as pessoas pelos seus atos antes de saber o motivo de
tal ação.
Depois
de um tempo eu não via mais o carro na rua, até pensei que ele havia vendido o
carro, mas me enganei, ele recolheu o carro para o fundo da garagem.
Certo
dia, novamente parei alguns minutos e fui falar com o proprietário que estava
varrendo em frente a sua casa, bem onde ficava o carro.
Ele
me disse que um dos filhos havia casado e acabou mudando para outra casa, assim
ficou uma vaga na garagem e ele colocou o Opala nessa vaga, assim não
atrapalhava a saída do carro do seu outro filho, que ainda mora com ele e para
minha surpresa, esse Opala ainda funciona, pois ele subiu a rampa da garagem
funcionando.
Ele
está do mesmo jeito que o vi da última vez, porém agora, com os pneus cheios e
guardado em local coberto.
Como
ele mesmo me disse, ele não tem nem saúde e nem dinheiro para restaurar o
carro, mas ainda tem esperança de que um dia um dos seus filhos se interesse
por ele e acabe restaurando. Realmente, quem sabe um dia isso não aconteça, só
espero que eles não esperem o pai morrer para que isso aconteça.
Na
postagem de hoje você pode até se confundir com uma que eu já fiz, chamada
carros antigos dá em árvore? (se ainda não viu, clique aqui para ver: http://blogdoski.blogspot.com.br/2016/06/carro-antigo-da-em-arvore.html),
mas não é a mesma, são mais de 100 fotos de carros abandonados em florestas e
se João e Maria fossem tão fãs de carros antigos como eu sou, eles jamais teriam
entrado na casa feita de doce, teriam ficado na floresta admirando todos os
carros antigos abandonados.
Espero
que gostem e até a próxima.
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